JOVEMGUARDA.COM.BR - O Portal da Música Jovem!
Lançamentos

Tremendão Encaixotado


O box com seis CDs reeditando os álbuns originais de Erasmo Carlos dos anos 60 foi lançado com coletiva de imprensa, show para convidados e noite de autógrafos na loja carioca Modern Sound, na noite de 5 de setembro de 2005. Elias Nogueira esteve presente e nos conta como foi.

Elias Nogueira

"Esta caixa era o meu sonho, ela carrega toda a ansiedade de liberdade do jovem da época. A 'Jovem Guarda' foi um apelido brasileiro para a revolução mundial que começava em favor da libertação dos jovens", declarou o Erasmo Carlos na coletiva de lançamento do box intitulado 'Erasmo Carlos, O Tremendão'.

É mesmo uma tremenda caixa. O box sai pela gravadora Sony/BMG e repõe em catálogo os seis primeiros discos de Erasmo Carlos - gravados para a extinta RGE entre 1965 e 1970. Em mais um trabalho de pesquisa e de restauração fonográfica do pesquisador e produtor Marcelo Fróes, os discos ganham faixas-bônus extraídas de compactos. É o caso de 'Johnny Furacão', um rock perdido que foi lado B do compacto 'Sentado à beira do caminho' e que entrou como bônus do disco 'Erasmo', de 1968. "Os extras são coisas antigas que nunca tinham saído nem em LP, tem uma faixa inclusive que é cult e era muito cobrada, e que é 'Johnny Furacão', um rock falando de histórias de corredor de carros", lembra.

"Estou muito feliz com o projeto da Jovem Guarda que estamos fazendo - viajando o Brasil - e agora com esta caixa, que vem coroar minha carreira na época", afirmou entusiasmado Erasmo Carlos no auditório da loja de discos carioca Modern Sound, no lançamento oficial do box. A época era a da Jovem Guarda, que completa 40 anos em 2005 - assim como o primeiro disco de Erasmo, "A pescaria", que traz como bônus as faixas 'Jacaré' e 'Amor Doente'.

"A Jovem Guarda representa o meu sonho. Foi o início de tudo para mim, foi quando eu concretizei o sonho do rock'n'roll. Fiz parte daquela revolução mundial e tenho lugar cativo na revolução brasileira. São músicas inocentes, puras, mas que representavam o desejo de ser livre", filosofa o Tremendão. Na realidade, a caixa traz somente dois títulos inéditos em CD - 'Erasmo Carlos' (1967) e o já citado 'Erasmo' (1968) -, enquanto os demais - 'A Pescaria' (1965), 'Você me acende' (1966), 'O Tremendão' (1967) e 'Erasmo Carlos & Os Tremendões' (1970) - já haviam sido relançados num box da RGE dos anos 90, porém sem faixas bônus, fichas técnicas, letras, textos históricos ou reprodução fiel das capas e contracapas originais. O disco de 1970 é especialmente essencial. Naquele álbum, Erasmo começou a se desvincular do perfil da Jovem Guarda e experimentou ritmos como o samba-rock. Erasmo explica: "O 'Carlos, Erasmo' (71) é um disco muito importante em minha carreira, porque foi um trabalho de transição. Agora antes dele tem o sexto disco desta caixa, 'Erasmo Carlos e os Tremendões', que foi realmente o início da transição. Tem 'Sentado à beira do caminho', 'Coqueiro verde', 'Teletema' e 'Saudosismo'. Já existia em mim uma necessidade de mudança muito grande, e que veio ser coroada com o 'Carlos, Erasmo'".

'Carlos, Erasmo' foi o disco inicial da caixa 'Mesmo que Seja Eu', editada em 2002 pela Universal Music com os álbuns lançados por Erasmo entre 1971 e 1988. Com a nova caixa, a obra do Tremendão fica enfim integralmente editada em CD. A mesma gravadora que um dia rejeitou Erasmo é a responsável pelo rençamento definitivo dos seis títulos iniciais do cantor e compositor da Jovem Guarda. "Eu era da Columbia com o meu grupo, Os Snakes. Mas aí o grupo acabou, eu fui cantar no Renato e seus Blue Caps. Quando fui fazer meu trabalho solo, eles não me quiseram, alegando que já tinham o Roberto Carlos para aquele estilo. Tive que procurar outra gravadora e passei por seis gravadoras até chegar à RGE", recorda Erasmo.

Nada disso tirou a alegria que o cantor demonstrava a todo o momento com o projeto realizado "Estou em estado de graça! Essa caixa querida é o meu sonho que se tornou realidade". Quanto ao preconceito pela Jovem Guarda, Erasmo foi taxativo: "Acho que as pessoas ainda têm preconceito. O cara às vezes fala bem, mas na entrelinhas dá umas farpadas" comenta completando. "Diz a lenda que a Maria Bethânia falou para o Caetano Veloso prestar atenção nas nossas letras, que eram canções populares. A partir daí ele começou a ficar mais atento, depois Nara Leão e Elis Regina gravaram musicas minha e do Roberto. Foi uma coisa lenta, mas que foi se transformando até obter uma aceitação".

Clique AQUI e leia a entrevista coletiva do Erasmo, para promover a caixa "O Tremendão".